Os efeitos da pandemia da COVID-19 na força de trabalho de enfermagem são analisados em uma nova pesquisa global da McKinsey, que perguntou aos profissionais da área em vários países se eles desejam permanecer em sua função atual. Entre 28 e 38% dos profissionais de enfermagem que entrevistamos nos EUA, Reino Unido, Singapura, Japão e França indicaram que era possível deixarem sua função de atendimento direto a pacientes no próximo ano.
As razões para deixarem sua função variam. Em alguns países, mais da metade dos entrevistados disseram que sua decisão não está diretamente ligada à pandemia. No entanto, as respostas podem refletir certo cansaço com o atendimento direto a pacientes – nos EUA, por exemplo, o número de profissionais de enfermagem ouvidos (em inglês) que disseram antecipar a decisão de deixar o atendimento direto a pacientes aumentou cerca de 10 pontos percentuais entre fevereiro e novembro de 2021.
Embora a remuneração e a visão da recompensa monetária total continuem sendo importantes para os entrevistados que planejam permanecer em suas funções, eles também citaram razões que vão além do salário: fatores como engajamento no trabalho, o sentido do que fazem e a manutenção da boa saúde foram os principais motivadores em sua decisão de permanecer.
As conclusões da pesquisa destacam um grau impressionante de consistência entre os profissionais e como eles se sentem em seus papéis atualmente, apesar de pertencerem a sistemas de saúde e redes de atendimento de seis países diferentes. Embora seja necessário pesquisar mais detalhadamente para entender a complexidade dos pontos de vista dos profissionais de enfermagem em cada país, um aspecto está ficando claro: uma parcela significativa desses profissionais expressa o desejo de deixar a atual função de atendimento direto a pacientes. Esse desejo significa que a escassez de profissionais pode ser um risco crescente em muitos países. Por exemplo, recentemente estimamos (em inglês) que nos EUA poderá haver uma escassez de 200 a 450 mil profissionais de enfermagem (10 a 20%) até 2025.
Ao conhecer e divulgar planos futuros promissores nos diferentes países, os stakeholders podem apoiar a mão de obra clínica e buscar resolver o que se tornou um problema global de grandes proporções. Em alguns estudos, iniciativas positivas de liderança (como diretores se reunindo uma vez por semana para mostrar apoio) têm sido correlacionadas com maior retenção, redução nos erros médicos e eficiência administrativa1.
Nos quadros a seguir, analisamos em detalhe essas conclusões, assim como os passos que os empregadores podem considerar para apoiar melhor os profissionais de enfermagem. Para mais informações sobre a pesquisa, leia a coluna “Metodologia”.
Doing meaningful work is a top reason to stay, nurse respondents said.
Across geographies, respondents said the most important factors keeping them in their direct-patient-care roles included doing meaningful work, a positive and engaging work environment, and feeling healthy and safe. In most of the countries, compensation was not a leading factor influencing nurses to stay in their current role. Japan was the only country with respondents including compensation among their top three factors.
Feeling valued by a manager and efforts to create positive working environments were ranked with high importance. In the United Kingdom, for example, 63 percent of respondents said “positive interactions” were important and 49 percent said feeling “valued by manager” was important.
Mesmo os países com redução nos casos de COVID-19 podem enfrentar contínua escassez de pessoal e perda de profissionais de enfermagem no atendimento direto a pacientes. Como publicamos recentemente (em inglês), “se as empresas empreenderem um esforço conjunto para entender melhor por que estão perdendo funcionários e tomarem medidas pertinentes para retê-los (em inglês), a Grande Evasão poderá se tornar uma Grande Atração.” Não importa o país, analisar o que é importante para os profissionais de enfermagem e por que eles deixam suas funções pode ajudar as organizações a se ajustarem. Stakeholders da área da saúde em todos os países podem considerar estratégias para reconhecer melhor as contribuições dos profissionais de enfermagem, incorporar mais intervalos, criar interações positivas e formar equipes atenciosas, com o propósito de propiciar um salto no bem-estar da força de trabalho. No longo prazo, esses esforços podem melhorar a retenção.
Embora a pesquisa esteja longe de ser exaustiva, ela oferece um retrato dos fatores que podem ajudar a reter profissionais de enfermagem no futuro, especialmente os que atuam na linha de frente. Os sistemas de saúde podem entender que ambientes positivos que conseguem refletir as prioridades dos profissionais de enfermagem podem atrair novos profissionais ou recuperar aqueles que deixaram o atendimento direto a pacientes nos últimos dois anos. No longo prazo, o investimento em profissionais de enfermagem pode oferecer estabilidade e promover atendimento de alta qualidade aos pacientes.