A internet é um vasto mosaico da atividade econômica, abrangendo desde milhões de transações e comunicações online diárias até downloads de programas de TV para smartphones. Mas pouco se sabe sobre como ela, em sua totalidade, contribui para o crescimento, a produtividade e os empregos em escala global.
Uma nova pesquisa da McKinsey sobre as economias da internet dos países do G-8, além do Brasil, China, Índia, Coreia do Sul e Suécia, constatou que a internet é responsável por uma parcela considerável e crescente do PIB mundial. Na verdade, se fossem medidos como um setor da economia, o consumo e as despesas envolvendo a internet seriam hoje maiores do que o setor agrícola ou energético. Em média, a internet contribui com 3,4% do PIB nos treze países abrangidos pela pesquisa – o equivalente a uma Espanha ou um Canadá em termos do PIB – e o percentual vem crescendo a uma taxa mais rápida que a do Brasil.
A pesquisa – preparada pelo McKinsey Global Institute e pelas práticas de Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da McKinsey como parte de uma parceria de conhecimento com o Fórum e-G8 – oferece a primeira avaliação quantitativa do impacto da internet sobre o PIB e o crescimento, além de examinar as ferramentas mais relevantes que governos e empresas podem usar para obter o máximo benefício da transformação digital. Para avaliar a contribuição da internet para a economia global, o relatório analisa duas fontes principais de valor: consumo e oferta. O relatório adota três abordagens: uma macroeconômica, como a usada nas contas nacionais para calcular a contribuição ao PIB; uma estatística econométrica; e uma microeconômica, analisando os resultados de um levantamento de 4,8 mil empresas de pequeno e médio porte em diversos países.
O impacto da internet sobre o crescimento global está aumentando rapidamente. A internet foi responsável por 21% do crescimento do PIB nos últimos cinco anos nos países desenvolvidos estudados pelo McKinsey Global Institute, um forte incremento em relação à contribuição de 10% 15 anos atrás. A maior parte do valor econômico criado pela internet não está no setor de tecnologia; 75% dos benefícios são capturados por empresas de setores mais tradicionais. A internet também catalisa a criação de empregos. Entre as 4,8 mil pequenas e médias empresas pesquisadas, a internet criou 2,6 postos de trabalho para cada emprego perdido devido a eficiências relacionadas com a tecnologia.
Os Estados Unidos são a maior força do ecossistema global de provimento da internet, capturando mais de 30% do faturamento global da internet e mais de 40% do lucro líquido. É também o país com a estrutura mais equilibrada dentro do ecossistema mundial dentre os 13 países estudados, acumulando contribuições relativamente iguais de hardware, software, serviços e telecomunicações. Reino Unido e Suécia estão mudando o jogo, em parte devido à importância e à performance de suas operadoras de telecomunicações. Índia e China estão fortalecendo rapidamente sua posição no ecossistema global da internet, com taxas de crescimento superiores a 20%. França, Canadá e Alemanha têm a oportunidade de alavancar sua já forte utilização da internet para aumentar sua presença no ecossistema de provimento. Outros países asiáticos estão rapidamente intensificando sua influência sobre a economia da internet a taxas maiores que as do Japão. Brasil, Rússia e Itália estão nos estágios iniciais de provimento da internet, mas têm forte potencial de crescimento.
Esses resultados sugerem que os líderes corporativos terão de aguçar seu foco nas oportunidades que a internet oferece para novos produtos e novas maneiras de alcançar o cliente. As empresas também devem prestar atenção à rapidez com que tecnologias da internet podem provocar a disrupção do modelo de negócio, alterando radicalmente os mercados e definindo eficiências. Líderes do setor público devem promover amplo acesso à internet, uma vez que o uso da internet, a qualidade das infraestruturas e os gastos na internet estão correlacionados com maior crescimento do PIB per capita. Para os governos, investimentos em infraestrutura, capital humano, capital financeiro e as condições do ambiente de negócios ajudarão a fortalecer seus ecossistemas domésticos de provimento da internet.