Como CEOs estão transformando a construção de negócios em crescimento excepcional

Em meio a tensões geopolíticas, recuo da inflação nas economias desenvolvidas e expectativa de cortes nas taxas de juros em algumas das maiores economias do mundo,¹Sven Smit, Jeffrey Condon e Krzysztof Kwiatkowski, “Global Economics Intelligence executive summary, July 2024,” McKinsey, 23 de agosto de 2024. metade dos CEOs ouvidos na quinta Pesquisa Global da McKinsey sobre a construção de novos negócios enxerga essa estratégia como uma de suas prioridades.

Na quinta edição anual do único levantamento longitudinal que se propõe a monitorar como líderes empresariais se sentem em relação à construção de novos negócios e como a priorizam, a resiliência dessa estratégia surpreende: ela segue firme no topo das prioridades, mesmo diante da disrupção sem precedentes provocada pela pandemia de COVID-19 e pelas crescentes restrições de capital. Daqui para a frente, esperamos que cada vez mais empresas percorram a via da construção de negócios visando ao crescimento e à diversificação, seja por meio de novas verticais ou de negócios que usem a IA generativa, especialmente quando as condições financeiras forem mais favoráveis.

Nossa mais recente pesquisa com mais de 1.100 lideranças empresariais constatou que as organizações que priorizam a construção de negócios fazem isso mirando no crescimento (ver box “Sobre a pesquisa”). Embora essa sempre tenha sido uma forma eficaz de acelerar o aumento da receita, as inovações tecnológicas disponíveis hoje expandiram a oportunidade – e elevaram a pressão – para promover esse crescimento. Os tipos de novos negócios considerados mais interessantes variam conforme a indústria, e 60% dos entrevistados mostram-se ávidos por desenvolver novos negócios alavancando a IA generativa nos próximos cinco anos. Além de apresentar as conclusões do estudo, este artigo explora os tipos de novos negócios viabilizados por Gen AI que os líderes esperam construir.

A principal dificuldade das empresas que não conseguem priorizar a construção de negócios é a disponibilidade de capital. Mas muitas organizações já encontraram soluções para esse desafio – e estão colhendo os benefícios. Os resultados da pesquisa apontam que as empresas que investem 20% do seu capital de crescimento na construção de negócios totalmente novos atingem um crescimento de receita dois pontos percentuais maior que o de empresas que não fazem esse nível de investimento.

Os líderes empresariais estão assistindo à crescente ação de empresas experientes na construção de novos negócios e que dispõem de capacidades e estruturas de suporte maduras para ajudar a construir negócios em série. Essas organizações se diferenciam das demais na forma como abordam alocação de recursos, setup, liderança, talentos e capacitação. Além disso, elas apresentam crescimento orgânico 2,8 pontos percentuais maior e taxa de sucesso (a taxa que indica que uma empresa atingiu ou superou as expectativas de escala e crescimento) duas vezes maior do que as empresas que os entrevistados consideram novatas (aquelas que eles relatam ter capacidades ou estruturas limitadas para apoiar a construção de negócios). A evolução dessas empresas experientes explica, em certa medida, o fato de que os maiores novos negócios construídos por empresas incumbentes na última década registraram receita 1,5 vez superior à das maiores start-ups.

A construção de negócios continua mostrando resiliência diante das restrições de capital

Um pouco mais da metade dos CEOs ouvidos considera a construção de negócios uma das suas três prioridades estratégicas, em linha com os resultados de 2023. Anos de alta nas taxas de juros²A taxa SOFR (secured overnight financing rate) foi adotada em substituição à taxa LIBOR (London Interbank offered rate) no final de 2021. A taxa SOFR está em conformidade com as melhores práticas internacionais. levaram uma parcela menor de CEOs a priorizar a construção de negócios, na comparação com os primeiros anos da pandemia, mas essa priorização ainda é mais comum do que antes da crise sanitária (Quadro 1).

Os entrevistados que disseram que suas empresas passaram por um declínio na priorização da construção de negócios frequentemente apontam as restrições de capital como a principal razão, enquanto as empresas que priorizam a construção de negócios são fortemente orientadas por um desejo de crescer (Quadro 2). Dadas as previsões de queda nas taxas de juros – e considerando a resiliência do interesse na construção de negócios –, é fácil imaginar um potencial aumento na construção de novos negócios no curto prazo.

Cerca de dois em cada três CEOs esperam construir novos negócios no próximo ano – uma fração superior à parcela dos que esperam ações estratégicas como joint ventures, M&A e transformações organizacionais (Quadro 3). E eles apresentam probabilidade 1,3 vez maior do que outros líderes de esperar que suas organizações construam novos negócios nesse período. Embora mais da metade dos outros líderes considere a construção de negócios provável, entre eles, a expectativa mais frequente refere-se às transformações organizacionais.

Essa diferença sugere que os CEOs podem precisar trabalhar mais para alinhar suas prioridades com demais líderes. Essas outras lideranças, inclusive CFOs, tendem a ter um foco maior em reestruturação organizacional, possivelmente refletindo as atuais pressões econômicas. Criar espaço nas agendas dos líderes para a construção de negócios e comunicar que ela é uma prioridade de crescimento será importante para os CEOs.

Um pequeno investimento pode levar a grandes negócios

Em empresas que estão priorizando cada vez mais a construção de negócios, os entrevistados frequentemente dizem que os esforços são orientados pelo desejo de crescer – e há uma boa razão para isso. Resultados do nosso último levantamento sugerem que, em relação às empresas que não investem nada, as que investem 20% ou mais do seu capital de crescimento na construção de negócios inteiramente novos têm um crescimento de receita dois pontos percentuais maior.³Os entrevistados foram questionados sobre a alocação de capital das suas organizações para negócios inteiramente novos e sobre a taxa de crescimento orgânico da receita nos últimos 12 meses em comparação com seus principais concorrentes. As alternativas eram: mais de 10% abaixo da média da indústria; 4-10% abaixo da média da indústria; 1-3% abaixo da média da indústria; equivalente à média da indústria; 1-3% acima da média da indústria; 4-10% acima da média da indústria; mais de 10% acima da média da indústria. Pontos médios foram usados para cada um dos intervalos de crescimento da receita, com –15% sendo usado para o grupo inferior e 15% para o grupo superior. Para organizações maiores (com receitas anuais de $1 bilhão ou mais), com o mesmo cenário de investimento, o crescimento é ainda mais pronunciado: +2,5 pontos percentuais. Esse aumento pode representar quase 50% de crescimento adicional para organizações com $1 bilhão ou mais em receitas anuais, cujas taxas médias de crescimento em todo o mundo são de 5,2% — e um aumento incremental ainda maior quando consideramos a taxa mediana de crescimento, que é de 3,7%.⁴A taxa média de crescimento é de 2022–23 e baseia-se em todas as empresas do setor privado com receitas anuais acima de US$1 bilhão, segundo dados da S&P Capital IQ, S&P Global; acesso em setembro de 2024.

As conclusões da pesquisa sugerem que investir 20% do capital de crescimento na construção de novos negócios pode ser o ideal para capturar valor. Os entrevistados que relataram investimentos menores tiveram retornos menores, enquanto aqueles que investiram acima desse limiar não relataram crescimento significativamente maior (Quadro 4). No entanto, apenas 38% dos entrevistados estão aportando 20% do seu capital de crescimento, o que sugere que quase dois em cada três líderes estão deixando valor potencial na mesa.

A pesquisa também explorou a parcela de investimento necessária para que novos negócios entregassem o percentual da receita total desejado pelos líderes das organizações controladoras. Os entrevistados, em média, esperam ver 24% das receitas das suas organizações geradas por novos negócios dentro de cinco anos. Para atingir essa meta, muitas empresas precisarão aumentar significativamente seus níveis de investimento. Na verdade, os resultados sugerem que as empresas que obtiveram esse retorno investiram 2,4 vezes a média do que foi investido por aquelas que estão mirando na meta dos 24%, mas ainda não a alcançaram.⁵As empresas que, segundo os entrevistados, vão alcançar a meta de participação média na receita de 24% estão investindo, em média, 28% do capital de crescimento na construção de negócios, enquanto as empresas que não vão alcançar a meta estão investindo cerca de 12%.

De fato, as empresas incumbentes provaram sua impressionante capacidade de construir negócios que geram alta receita. Pesquisas adicionais revelam que, na última década, os dez maiores novos negócios construídos por empresas já estabelecidas geraram, em média, 1,5 vez mais receita do que os negócios das maiores start-ups lançadas no mesmo período.⁶Essas análises consideraram a receita média em 2023 para as dez maiores start-ups e os dez principais novos negócios fundados por empresas incumbentes na última década, de acordo com dados Crunchbase; PitchBook; S&P Capital IQ, S&P Global; e Y Combinator; acessos em setembro de 2024. Esses novos negócios podem se beneficiar do acesso de suas organizações principais a clientes, marca e expertise, o que muitas vezes favorece o rápido ganho de escala das receitas.

Além disso, o impacto da construção de negócios vai além das receitas de uma organização. Segundo relato dos entrevistados, enquanto novos negócios geram 13% da receita, eles são responsáveis por 16% do valor da empresa.⁷Os entrevistados selecionaram o share de contribuição dos novos negócios para a receita total da empresa e o share do valor da empresa (valor total da organização) que pode ser atribuído aos novos negócios. Estas eram as opções: 0%; 1-3%; 4-10%; 11-20%; 21-30%; 31-40%; 41-50%; 51-60%; 61-70%; 71-80%; 81-90%; 91-100%; Acima de 100%. Pontos médios foram usados para cada um dos intervalos, com 110% sendo usado para a categoria superior. Médias ponderadas foram usadas para calcular a contribuição da construção de novos negócios para a receita e o valor da empresa.

A construção de negócios começa com a descoberta de tesouros escondidos dentro de uma organização

Os resultados das últimas pesquisas mostram que, para a maioria das empresas, a oportunidade de construir novos negócios a partir de ativos existentes está pronta para ser capturada. Quase nove em cada dez líderes entrevistados dizem que suas organizações têm pelo menos um ativo com potencial comercial não realizado. Com mais frequência, eles enxergam oportunidades com dados e propriedade intelectual ou novas tecnologias, embora o potencial varie de acordo com o setor (Quadro 5).

Por exemplo, os entrevistados dos setores de saúde, bens de consumo e varejo relatam com mais frequência que suas empresas têm produtos desenvolvidos para uso interno que poderiam ser vendidos externamente, enquanto entrevistados da área de serviços financeiros apontam ativos de dados que poderiam ser monetizados. Em indústrias avançadas⁸Os entrevistados de “indústrias avançadas” trabalham nos seguintes setores: eletrônica avançada, aerospacial e defesa, automotivo e montagem, e semicondutores. e tecnologia, mídia e telecomunicações, os entrevistados muitas vezes afirmam que suas empresas têm propriedade intelectual ou novas tecnologias a partir das quais novos negócios poderiam ser construídos. Esse panorama fornece um ponto de partida para a busca por formas de acelerar o valor do potencial não realizado.

Ao construir novos negócios, aproveite suas vantagens distintivas

As organizações colhem benefícios quando aproveitam e dão escala às suas vantagens distintivas, fazendo delas novas oportunidades de crescimento. Para construir novos negócios, é preciso reconhecer essas vantagens e ser fiel a elas.

Em 2023, as plataformas de dados, analytics e IA eram o tipo de novo negócio que a maior parte dos entrevistados esperava construir nos cinco anos seguintes.

Os resultados da pesquisa mais recente revelam que, em relação a 2023, é mais provável que as empresas planejem construir plataformas de dados, analytics e IA. No entanto, as oportunidades variam de acordo com o setor (Quadro 6).

Os entrevistados que trabalham em indústrias avançadas – como automotiva, aeroespacial e semicondutores – e no setor de produtos médicos e farmacêuticos costumam ver mais oportunidades em produtos físicos.

Quem atua no setor de bens de consumo e varejo, por sua vez, geralmente espera que sua empresa construa negócios de varejo digital.

Em setores como o de tecnologia, mídia e telecomunicações e o de viagens, transporte e logística, os líderes apontam com mais frequência as plataformas de dados, analytics e IA como uma área para a construção de novos negócios.

Os entrevistados continuam enxergando negócios com foco em sustentabilidade como oportunidades. Novas iniciativas centradas em sustentabilidade ambiental ocupam a segunda posição no ranking dos negócios mais esperados para os próximos cinco anos, ante o quarto lugar em 2023 e o sexto em 2022. O interesse sustentado por esses negócios coincide com os avanços tecnológicos recentes – como materiais mais ecológicos – e com a construção, por parte das empresas, de produtos melhores e mais sustentáveis. O interesse é mais concentrado no setor de energia e materiais.¹Os entrevistados de "energia e materiais" trabalham nos seguintes setores: agricultura, produtos químicos, energia elétrica e gás natural, petróleo e gás, e papel e embalagens.

Quadro 6

Em geral, quase metade dos entrevistados que esperam construir novos negócios preveem a criação de um negócio nos próximos cinco anos, um salto de 11 pontos percentuais em relação aos resultados de 2023. Exemplos de novos negócios que podem ser construídos nesse espaço: uma empresa de dispositivos médicos que desenvolve software aproveitando seus próprios dados para fornecer insights aos médicos sobre possíveis tratamentos e um provedor de armazenamento em nuvem que cria um aplicativo usando IA generativa para ajudar as seguradoras a identificar sinistros suspeitos.

O interesse em negócios viabilizados por Gen AI está aumentando rapidamente – embora as empresas ainda estejam nos estágios iniciais de captura de valor

Em sua maioria, os líderes que esperam que suas empresas construam novos negócios nos próximos cinco anos enxergam valor potencial em desenvolver um negócio viabilizado pela IA generativa. Na verdade, seis em cada dez entrevistados afirmam que suas organizações já estão em busca desses negócios.

As expectativas dos entrevistados quanto aos tipos de negócios relacionados à IA generativa que suas organizações vão buscar construir variam de acordo com onde em seus setores elas esperam extrair a maior parte do valor dessa tecnologia (Quadro 7).

Negócios “copiloto”, nos quais a Gen AI reduz o esforço ou aprimora a tomada de decisão, são o caso de uso dessa tecnologia mais esperado nos diferentes setores – particularmente naqueles voltados para serviços ou com forte foco no atendimento ao cliente. Cerca de metade dos líderes que relataram que suas empresas estão planejando construir novos negócios esperam a criação de um negócio “copiloto” – essa expectativa é maior nos setores de saúde e de tecnologia, mídia e telecomunicações. Em saúde, exemplos de aplicação de IA generativa incluem soluções de anotação que capturam as anotações feitas por médicos e documentam acompanhamentos (como receitas) e assistentes virtuais que podem otimizar tanto as operações dos provedores quanto a experiência dos pacientes.

Já os entrevistados que trabalham nos setores de serviços financeiros e de viagens, logística e infraestrutura enxergam forte potencial para hiperpersonalização – e consideram esse tipo de negócio viabilizado por Gen AI o de construção mais provável por suas empresas. Em serviços financeiros, por exemplo, a recomendação de investimentos usando Gen AI – apresentada por meio de chatbots ou ferramentas de Gen AI – pode aperfeiçoar os serviços personalizados e tornar as recomendações acessíveis a públicos muito mais amplos a um custo que antes não era possível.

Os entrevistados do setor de serviços financeiros também consideram promissores os novos negócios nos quais os aspectos centrais da cadeia de valor são impulsionados pela IA generativa. Em seguros, por exemplo, esses negócios poderiam incluir a contratação de apólices usando Gen AI para segmentos que antes não eram atendidos, como microempresas.

Os entrevistados do setor de bens de consumo e varejo, por sua vez, consideram os negócios ligados a canais de distribuição os mais promissores.

Quadro 7

A busca de valor gerado pela IA generativa ainda está começando. Dos entrevistados que estão construindo negócios explorando as capacidades da Gen AI, 73% afirmam que suas organizações ainda estão na fase de ideação e nos estágios iniciais de desenvolvimento. No entanto, 13% dos entrevistados relatam que suas empresas já estão realizando valor nos negócios relacionados à IA generativa – e esse número chega a 22% para o setor de produtos médicos e farmacêuticos.

A construção de novos negócios é uma habilidade adquirida que pode gerar enormes retornos

Os resultados da pesquisa deste ano evidenciam o que as empresas demonstram implicitamente há tempos: as organizações que desenvolveram as capacidades de construir novos negócios de forma programática experimentam mais sucesso por negócio. Essas empresas experientes na construção de negócios são duas vezes mais bem-sucedidas do que as organizações com menos maturidade no tema e geram receitas mais altas a partir de seus novos negócios.

Para as empresas novatas na construção de negócios, a pesquisa aponta os possíveis caminhos para que elas acelerem o processo de amadurecimento e comecem a construir negócios de modo eficaz desde o início.

A prática leva à perfeição

À medida que as empresas amadurecem suas práticas de construção de novos negócios, a probabilidade de sucesso aumenta substancialmente (Quadro 8). As empresas experientes têm o dobro da probabilidade de sucesso das novatas no início da jornada – ou seja, o novo negócio atinge ou supera as expectativas de escala e crescimento. As respostas dos entrevistados sugerem ainda que as empresas experientes registram taxas de crescimento, em média, 2,8 pontos percentuais mais altas que as das novatas.

Os retornos relatados também aumentam com a maturidade das capacidades de construção de novos negócios. As empresas experientes registram, em média, uma receita 12 vezes maior no quinto ano de um negócio em comparação com as novatas,⁹Os entrevistados foram questionados sobre o novo negócio lançado por suas empresas nos últimos cinco anos com os quais eles tinham mais familiaridade, com as seguintes opções para receita: Menos de US$1 milhão;  US$1milhão a US$5 milhões; US$6 milhões a US$10 milhões; US$11milhões a US$25 milhões; US$26 milhões a US$50 milhões; US$51 milhões a US$75 milhões; US$76 milhões a US$100 milhões; US$101 milhões a $250 milhões; US$251 milhões a US$500 milhões; US$501 milhões a US$750 milhões; US$751 milhões a US$999 milhões; US$1 bilhão a US$2 bilhões; Mais de US$2 bilhões. Os pontos médios foram usados para cada um dos intervalos, com o valor de US$2,5 bilhões sendo usado para a categoria superior de mais de US$2 bilhões. Para cada categoria de maturidade, a média ponderada foi usada para calcular os valores da receita. apesar de fazerem um investimento de capital apenas duas vezes maior antes do ponto de breakeven (Quadro 9).

Seis ações-chave para construir negócios como uma empresa experiente

O sucesso na construção de novos negócios pode ser aprendido com as empresas que mais se destacam nessa frente. Com base na nossa experiência e na pesquisa, agrupamos os fatores que distinguem as empresas experientes das novatas em seis ações para o sucesso. E concluímos que esses fatores podem afetar as expectativas de receita. Ao analisar especificamente as ações já praticadas pelos novos negócios, os dados sugerem que, quando a maioria das ações já é parte do dia a dia, esses negócios registram 3,4 vezes mais receita em seu quinto ano do que os novos negócios que não têm nenhuma ação implementada.

1. Adotar uma abordagem de portfólio disciplinada. Entendendo que os riscos são altos, as empresas experientes na construção de negócios distribuem as suas apostas. Elas construíram, em média, seis novos negócios nos últimos cinco anos; do lado das novatas, foram menos de dois no mesmo período.

As empresas experientes também desenvolveram processos eficazes para ajudá-las a criar muitos negócios. Elas têm probabilidade três vezes maior do que as novatas de ter estrutura e processo estabelecidos para identificar, avaliar, construir e lançar novos negócios. As novatas, por sua vez, podem sucumbir diante do primeiro obstáculo, criando um negócio sem um mercado claro ou sem necessidades definidas. As chances de elas construírem o negócio errado – ou seja, sem um bom produto ou fit de mercado – são três vezes maiores que as de empresas experientes. Estas, por outro lado, saltam essa barreira e se concentram no próximo grande desafio: gerar crescimento.¹⁰A pergunta da pesquisa pedia que os entrevistados pensassem em um dos novos negócios construídos por suas organizações que está apresentando desempenho abaixo das expectativas em termos de escala e crescimento e que eles acreditam ter potencial para aceleração comercial – e quais medidas melhorariam o desempenho desse negócio.

Ao adotar uma abordagem de portfólio, as empresas experientes também se desenvolvem em outras dimensões que apoiam a construção de negócios em série, como ter a infraestrutura e os incentivos certos já implementados. Por exemplo, é quase três vezes mais provável que as empresas experientes tenham mecanismos para incentivar o sucesso de novos negócios, como bônus e feedback de um sponsor C-level. Elas também tendem a dispor da tecnologia e da infraestrutura necessárias à construção de um novo negócio – por exemplo, estrutura clara para como e quando armazenar dados, plataformas escalonáveis de dados e analytics e acesso a provedores de tecnologia que forneçam quaisquer capacidades necessárias.

2. Dedicar recursos. As organizações experientes na construção de negócios entendem que os recursos para as novas iniciativas devem ser definidos antecipadamente e protegidos – e fazem investimentos expressivos para ajudar esses negócios a ganhar escala.¹¹Nossos resultados de 2021 mostraram chances de sucesso 28% maiores para novos negócios quando as organizações faziam investimentos separados versus organizações que não adotavam a estratégia de ring-fencing. As empresas experientes têm 2,6 vezes mais probabilidade que as novatas de ter recursos financeiros dedicados à construção de novos negócios.

Os investimentos das empresas experientes refletem uma tendência mais ampla na construção de negócios: elas estão dispostas a investir mais capital em negócios individuais e, como resultado, constroem novos negócios maiores. Uma verdade é incontornável: o crescimento não vem de graça. Os resultados da pesquisa sugerem que as empresas que investem $3 milhões podem esperar negócios de $8 milhões depois de cinco anos e as que investem $30 milhões podem esperar negócios de $90 milhões.

3. Equilibrar independência e conexão com o negócio principal. Em sua maioria, as empresas – tanto experientes quanto novatas – que constroem novos negócios beneficiam-se do acesso a capacidades ou outros ativos da organização principal. Por exemplo, cerca de metade dos entrevistados diz que seus novos negócios podem usar a base de clientes da organização principal (Quadro 10). No entanto, as empresas experientes são mais corajosas e dão a seus novos negócios maior independência para buscar vantagens excepcionais.

Na comparação com as novatas, é duas vezes mais provável que as empresas experientes deem aos novos negócios um alto grau de independência para tomada de decisão e quase duas vezes mais provável que elas migrem para uma indústria diferente do setor da organização principal. Em nossa experiência, essa independência é um dos elementos mais delicados – e uma das causas mais prováveis de tropeços de um negócio nos estágios iniciais ou de seu sufocamento mais para a frente. As empresas experientes já têm isso mapeado e começam dando ao novo negócio mais independência do que seria naturalmente confortável, entrando em cena para apoiá-lo quando a política organizacional começa a atrapalhar.

4. Demonstrar o apoio da liderança. As empresas experientes beneficiam-se de ter a liderança priorizando a construção de novos negócios. Nos últimos cinco anos, os resultados da nossa pesquisa foram consistentes: ter um executivo C-level como sponsor impulsiona o sucesso dos novos negócios. Em 2023, por exemplo, os entrevistados das melhores organizações nesse quesito tendiam a relatar a presença de pelo menos um sponsor C-level para a construção de negócios. Os últimos dados reforçam esse ponto: as empresas experientes têm probabilidade 1,4x maior que as novatas de dizer que pelo menos um membro do quadro de executivos foi champion de seus novos negócios.

Além disso, as empresas experientes costumam indicar um líder para focar a criação de negócios. Na comparação com as novatas, a probabilidade de elas contarem com um líder dedicado responsável pelos esforços de construção de novos negócios é duas vezes maior.

5. Montar uma equipe dedicada com talentos experientes. As empresas que fazem da construção de negócios uma parte padrão da estratégia de crescimento constatam que ter uma equipe dedicada ao tema ajuda essas iniciativas a prosperar. As empresas experientes têm probabilidade 1,5x maior que as novatas de ter uma equipe ou unidade dedicada à construção de novos negócios. Essas equipes tipicamente possuem responsabilidades claras e incentivos implementados para dar escala aos novos negócios.

Além disso, as empresas com mais experiência na construção de negócios tendem a priorizar a atração e a qualificação de talentos para esforços nessa área. Elas também costumam ter mais liberdade que as demais empresas para atrair os melhores talentos. 25% das empresas experientes na construção de negócios têm flexibilidade para oferecer aos talentos uma remuneração maior do que a praticada pelo negócio principal, em comparação com apenas 13% das novatas. As empresas experientes também têm probabilidade 1,7x maior de ter programas de qualificação para promover as habilidades necessárias à construção de novos negócios.

Analisando onde as lacunas de talentos afetam a construção de novos negócios, as empresas experientes colhem os benefícios de serem eficazes na contratação e no treinamento dos talentos de que precisam. Os entrevistados dessas organizações têm probabilidade 2,5x maior de dizer que não há lacunas de talentos afetando os projetos de construção de negócios. No entanto, em todo o espectro de maturidade para a construção de negócios, as respostas mostram que algumas lacunas reais persistem – e elas são consistentes em termos de papéis que faltam nas organizações. Papéis relacionados a produto e desenho são o desafio mais citado por empresas experientes e novatas, seguidos por papéis relacionados a dados e aspectos comerciais. Esses resultados sugerem que, independentemente do sucesso das empresas na construção de novos negócios, elas se beneficiam de estarem continuamente atentas para preencher os papéis que serão necessários nesses esforços.

6. Olhar para além das fronteiras da organização em busca das capacidades necessárias. Nos últimos cinco anos, vimos que, em sua maioria, as empresas bem-sucedidas na construção de negócios nem sempre concentram todas as capacidades internamente. Os resultados mais recentes mostram que essas empresas reconhecem os benefícios da assistência externa, que chega por meio de aquisições e parcerias: elas têm probabilidade duas vezes maior que as novatas de terem adquirido outro negócio durante seu processo de construção de negócios. Portanto, não surpreende que as organizações que registram as maiores receitas oriundas da construção de negócios sejam as que estão adquirindo negócios. Os entrevistados que afirmam que suas empresas fizeram uma aquisição como parte do desenvolvimento de um novo negócio relatam quatro vezes mais receitas no quinto ano que aqueles que dizem que nenhuma aquisição foi feita.

As empresas experientes também têm probabilidade 1,4x maior que as novatas de terem formado parcerias ou alianças com outras organizações. Como identificamos na pesquisa do último ano, as empresas com maior êxito na construção de negócios têm probabilidade maior que as outras de acessar capacidades externas de marketing e P&D, por exemplo.¹²Markus Berger-de León, Shaun Collins, Ari Libarikian, Paul Jenkins e Belkis Vasquez-McCall, “CEOs’ choice for growth: Building new businesses,” McKinsey Digital, 9 de novembro de 2023.

Dois em cada três CEOs afirmam esperar construir novos negócios no próximo ano, e as previsões sugerem que mais cortes nas taxas de juros estão no horizonte. As condições são oportunas para que as empresas incumbentes busquem novas oportunidades de negócios. Aquelas que buscarem – e implementarem capacidades e processos críticos que organizações mais maduras na construção de negócios já estabeleceram – estarão posicionadas para superar o crescimento de seus pares.