Entre o final de 2021 e início de 2022 a McKinsey entrevistou mais de cinquenta líderes de Procurement nas maiores empresas do Brasil e aprendemos que ainda está atrás da média global quando falamos da adoção de Digital and Analytics (DnA) em Procurement. Em uma escala de 1 a 5 em nossas pesquisas de maturidade a média Brasil é 2,2 versus um global de 2,4.
Hoje está claro para a maioria dos líderes brasileiros de Procurement que implementar ferramentas de Digital and Analytics (DnA) é uma prioridade. 76% dos Chief Procurement Officers (CPOs) concordem com essa afirmação, porém apenas 18% deles estão capturando valor com DnA. Entendemos que isso vem do foco em apenas automatizar processos e não maximizar o valor de Procurement.
Nossa pesquisa mostrou que 91% das empresas já têm algum tipo de automação, no entanto, em apenas 11% isso representa uma vantagem competitiva.
Uma área de Procurement com mais tempo para compras estratégicas consegue gerar mais valor e consequentemente capturar maiores ganhos para o negócio: esse é um dos principais objetivos nas implementações de práticas digitais – 67% dos CPOs afirmam querer aumentar o tempo dedicado a compras estratégicas e 61% desejam que a área de Procurement crie e capture mais valor.
Apesar de 76% dos CPOs considerarem a implementação de DnA uma prioridade, apenas 52% das empresas têm uma estratégia clara e documentada para implementar DnA nos próximos cinco anos; e somente 18% está capturando valor com a estratégia atual.
Capacitação digital
A capacitação das pessoas é essencial para operar os sistemas e soluções para capturar valor. Ela viabilizará a implementação de DnA, a automação de partes operacionais do trabalho de Procurement, o desenvolvimento de analytics e a capacidade de interpretação do que está acontecendo na área, transformando em valor. Mas essas habilidades técnicas não estão atualmente presentes em grande parte das equipes de Procurement.
Das empresas pesquisadas, 67% já mapeou as habilidades necessárias para implementação de DnA, mas apenas 33% delas possui essas habilidades. São cinco as principais habilidades mapeadas pela pesquisa para implementação de DnA: Automação dos Processos, Engenharia de Dados, Análise de Dados, Maneiras Ágeis de Trabalhar e Expertise das Categorias.
Desafios da jornada digital
A jornada para implementar o DnA e atingir a excelência digital é repleta de desafios para a maioria das empresas. Os principais são a disponibilidade e integração de dados dentro das empresas (59%), a qualidade dos dados (44%) e o sistema legado (40%).
Para ultrapassar esses desafios e conquistar maturidade digital, é preciso um conjunto de ações habilitadoras: a prioridade na implementação deve ser acompanhada por um alinhamento claro em toda a empresa e pelo investimento em capacidades internas. Isso viabilizará o uso das ferramentas de ERP ou do sistema de e-Procurement além do operacional, mas com viés de extrair valor das informações e direcionar os esforços da área de Procurement.
Para decidir o percentual de recursos que serão desenvolvidos internamente e quantos serão buscados no mercado, é preciso avaliar as capacidades internas e capacidade de formar da empresa. A competição por profissionais com experiência em tecnologia está acirrada no mercado brasileiro e as empresas enfrentarão dificuldades se não se reposicionarem desde já, principalmente com relação aos planos de incentivo e retenção. Desenvolver, atrair e reter profissionais será essencial para modernizar as operações e determinará o sucesso da jornada de digitalização em Procurement.
Além disso a outra habilidade chave deve vir da própria liderança de Procurement em quantificar o valor a ser capturado nas categorias e comunicar esse valor em um plano de negócio consistente para toda liderança com o objetivo de colocar Digital em Procurement como uma das prioridades da empresa.